Dois anos se passaram desde o fatídico 8 de janeiro de 2023, um domingo que marcou a história recente do Brasil como um dos momentos mais sombrios da nossa democracia. Naquele dia, vimos as sedes dos Três Poderes serem brutalmente atacadas por uma multidão, movida por discursos de desinformação, ódio e intolerância. A cena de um Congresso Nacional depredado, o Palácio do Planalto vandalizado e o Supremo Tribunal Federal profanado é uma ferida que ainda cicatriza no coração da nossa nação.
Os ataques foram o ápice de uma polarização política que já havia ultrapassado os limites do debate sadio. Mais do que uma tentativa de forçar a reversão de um resultado eleitoral legítimo, foi uma tentativa de subverter o Estado Democrático de Direito. Felizmente, a resposta rápida e firme das instituições democráticas impediu que o objetivo golpista fosse alcançado.
O Que Foi o 8 de Janeiro?
A insatisfação com a derrota do então presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 levou milhares de seus apoiadores às ruas, mas o 8 de janeiro não foi um protesto comum. Era uma tentativa de golpe de Estado orquestrada e financiada por grupos que não aceitavam a alternância de poder. Acampados em frente ao QG do Exército, muitos manifestantes foram incentivados por discursos que minavam a credibilidade das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral brasileiro.
O resultado foi catastrófico: prejuízos milionários ao patrimônio público, um legado de destruição física e moral, e um trauma que reverberou em cada canto do país. Felizmente, a Justiça começou a ser feita: 371 pessoas foram condenadas, e centenas de outras continuam a responder pelos seus atos.
A Resistência da Democracia
Hoje, em 8 de janeiro de 2025, o Brasil celebra a resistência da democracia. Em um ato solene realizado em Brasília, governadores, líderes políticos e o presidente Lula reúnem-se para reafirmar o compromisso com os valores democráticos. É um momento de memória e de reflexão.
Os dados são impressionantes: 898 pessoas responsabilizadas criminalmente, 527 acordos de não persecução penal, e mais de 1.500 investigações ainda em andamento. Estes números são prova de que não houve impunidade, mas também lembram que a luta pela democracia não termina.
Um Marco na História e um Alerta ao Futuro
O 8 de janeiro deve ser lembrado como um marco, mas também como um alerta. Ele nos ensina que a democracia é frágil e precisa ser defendida diariamente, não apenas pelas instituições, mas por cada cidadão que acredita nos valores de liberdade, igualdade e justiça.
Não podemos permitir que as cenas de 2023 se repitam. Não podemos tolerar que discursos de ódio e desinformação encontrem eco em nossa sociedade. E, sobretudo, não podemos esquecer que a democracia brasileira resistiu porque pessoas se levantaram em sua defesa, mesmo nos momentos mais difíceis.
Dois anos depois, a mensagem é clara: jamais esqueceremos. E, com a mesma clareza, declaramos: não aceitaremos que isso se repita. A democracia prevaleceu. Que ela continue prevalecendo, hoje e sempre.
Por: Napoleão Soares