Com pais e irmãos hipertensos, Maria das Graças Gomes foi diagnosticada com o mesmo problema aos 45 anos. Hoje, aos 53, os remédios para estabilizar a pressão arterial não saem da bolsa da comerciante. Tudo, na tentativa de evitar problemas mais graves. Na Paraíba, 17.166 pacientes morreram em decorrência de complicações por doenças cardíacas em cinco anos.
Os casos foram registrados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), de 2012 a 2016. O levantamento da pasta mostram ainda que o infarto do miocárdio foi o que mais vitimou as mulheres nesse período, somando 4.977 óbitos, e vem crescendo a cada ano. Na sequência, estão as vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), com 2.725 mortes.
O cardiologista e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Valério Vasconcelos lembra que na década de 1970, um a cada 10 pacientes que morriam de problemas cardíacos era mulher. Atualmente, o cenário se agravou e o número de vítimas do sexo feminino subiu para quatro, a cada grupo de dez pessoas nessa situação.
“O aumento do número de infartos se dá principalmente porque as mulheres passaram a desenvolver fatores de risco para doenças cardiovasculares semelhantes aos dos homens, tais como pressão alta, colesterol elevado, diabetes, tabagismo, estresse, obesidade, sedentarismo. Porém, culturalmente elas se preocupam mais com outras doenças, como câncer de mama ou de ovário, e por isso não se informam sobre os problemas cardiovasculares. Elas levam os maridos ao consultório, mas não avaliam os próprios riscos”, declarou o médico.
A comerciante Maria das Graças já perdeu as contas de quantas vezes passou mal em virtude da hipertensão e já recebeu alerta dos médicos para evitar alimentos ricos em sódio, gordura e açúcar.
A idade de dona Maria das Graças é justamente a faixa etária de maior risco para as mulheres hipertensas, conforme alerta Valério Vasconcelos. Segundo ele, os sintomas dos desdobramentos de problemas mais graves, como infarto, podem ser confundidos com outra complicação, como doenças gastrointestinais.
“O infarto agudo no miocárdio atinge mulheres acima dos 40 anos de idade e, principalmente após os 50, época da menopausa. As doenças cardiovasculares mais frequentes são o infarto e o AVC. Uma característica da doença cardiovascular, nas mulheres, é a difícil caracterização dos sintomas. As manifestações são atípicas. É conhecido que 63% das mulheres, que morrem subitamente por infarto, não apresentam sintomas prévios”, destacou o pesquisador.
Blog Chico Soares com Correio da Paraíba