Por mais que os sindicalistas briguem, neguem e teimem, a reforma da Previdência é um mal necessário para garantir a aposentadoria dos mais jovens, em um futuro próximo. A medida drástica, agora, é reflexo dos abusos que ocorreram ao longo do tempo, quando foram concedidas benesses previdenciárias a políticos e militares, por exemplo. O resultado é que temos uma previdência aos frangalhos, a ponto de agora o governo federal já discutir a reforma, inclusive com a inclusão da idade mínima de 65 anos para a concessão do benefício. Um patamar proposto pelo governo que, vergonhosamente, não foi seguido pelos atuais fiadores da proposta, os ministros Geddel Vieira Lima (Governo), Eliseu Padrilha (Casa Civil) e o próprio presidente Michel Temer (PMDB).
Geddel se aposentou aos 51 anos, em 2011, e recebe atualmente R$ 20.3354,25, além do salário de ministro. Bom, não é. Já Eliseu Padilha, outro fiador da reforma, aposentou-se da Câmara dos Deputados aos 53 anos, em 1999, e recebe R$ 19.389,60 por mês, reforçado ainda pelo salário de ministro, assim como ocorre com Padilha. A função de ministro paga nada menos que R$ 30.934,70. E não para por aí. Michel Temer, também ardoroso fiador da proposta, se aposentou aos 55 anos, em 1996, na função de procurador do estado de São Paulo. Ou seja, já se vão 20 anos. Dados do Portal da Transparência do governo do Estado de São Paulo mostram que Temer teve rendimentos brutos de R$ 45.055,99 no mês de junho deste ano, valor bem acima do teto permitido pela Constituição.
Nesta quinta, Temer se reuniu com o ministro Eliseu Padilha para conhecer a proposta mais atualizada do governo para a reforma da Previdência. O texto, que tem sido debatido nas últimas semanas entre os técnicos da equipe econômica e da Previdência, será discutido a partir de terça-feira (11) com representantes dos trabalhadores e aposentados. Esta não é a primeira versão apresentada a Temer, que já havia pedido alguns ajustes em alguns tópicos da proposta. Inicialmente, o ministro da Secretaria do Governo, Geddel Vieira Lima, havia prometido que o Palácio do Planalto encaminharia o texto ao Congresso Nacional ainda em setembro, antes das eleições municipais, mas acabou cedendo à pressão de sindicalistas e de parte da base aliada.
Na semana que vem, Temer vai se reunir com os presidentes de todas as centrais sindicais para iniciar um diálogo sobre as alterações nas regras previdenciárias. A intenção é que o texto, a ser enviado ao Congresso Nacional ainda neste mês, seja aprovado pelo menos na comissão especial até o fim deste ano e no plenário, no início do próximo . Nesta quarta-feira (5), em entrevista ao Jornal da Band, o presidente defendeu a importância da fixação da idade mínima para a aposentadoria para combater o déficit no setor e disse que “talvez” seja necessária uma transição para que as mudanças não prejudiquem os que estão prestes a dar entrada nos benefícios previdenciários. Convenhamos, seria republicano para os três rever as próprias aposentadorias.
Fonte: Suetoni Souto Maior